quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

DESABAFO DE UM ESPÍRITO!

Pela primeira vez decidi escrever no blog como um caminho de extravasar a angustia e a ansiedade que invadem meu espírito.Hoje,fui ao enterro de um jovem de 23 anos chamado Thiago,suicidou-se em sua própria casa por envenamento.Sua mãe,uma amiga de trabalho,estava deseperada sentindo-se culpada por nao ter percebido nada que indicasse a possibilidade desta tragédia no filho.
Em 19 de setembro de 2009 meu cunhado também se suicidou por arma de fogo.Neste mesmo mês,o sobrinho do pedreiro que estava prestando serviço lá em casa,Seu Manoel,também se suicidou por envenamento.Antes destes fatos pouco ou quase nunca parei para pensar neste drama humano.as desde ontem que não consigo reorganizar meus pensamentos que se perdem num questionamento sem fim de "Por que Meu Deus?"
Nos velórios escutamos comentários de toda natureza mas um ,sobretudo, tem se destacado pela repetição em todos estes episódios,sendo alvo de demoradas discurssões filosóficas,a saber: "o suicidio em si,sem levar em consideração as causas que o originaram ,mas o ato em si mesmo, é a extrema covardia ou a extrema coragem do ser humano?"
Escutei defensores ardorosos de cada uma destas teorias,enquanto meu olhar se perdia sobre o caixão que acolhia (ou será que recollhia?) o corpo daqueles que sucubiram,desistiram,se entregaram a um momento singular de dor,desespero,abandono,ansiedade,desalento......e pensei, coragem ou corvadia?pouco importa......a dor era a personagem principal destes dramas e quem poderá saber precisamente o que se passou nos momentos derradeiros destes seres?
Nenhum deles deixou um explicação,uma carta, nada. Nada para consolar e explicar aos coraçoes que ficaram o que lhes causara tanta dor.
Será que sentiram medo? Será que nao pensaram numa outra saída?Não pensaram nos que ficariam sob o julgo de  um sentimento de culpa incessante?Não acreditavam em Deus?ou acreditavam demais?Qual seria a teoria sobre o pós morte de cada um deles?O que será que perderam na vida que tinha valor tao alto que lhes custara a prória vida?
Minha cabeça arde.Ainda nao consegui dormir.Pensando naquela minha amiga-mãe que teve nos braços o filhinho morto.A idéia da dor dela me apavora.Tenho dois filhos.Ontem quando cheguei em casa quis toca-los,abraça-los,senti-los perto de mim - vivos.
Quando saimos do cemitério,tentei imaginar a volta dela para casa,a dor, a perda,o vázio e orei por ela.nenhuma palavra ou gesto humano poderá estancar o sangramento que ela esta sentindo na carne.
E a frase diversas vezes repetidas pelos familiares dos três personagens desta narrativa nao me sai da cabeça:" - Por que eu não percebi nada(...) sou culpada...."
Meu Deus, como sentir-se culpada de uma decisao tão intima de um ser humano.Quando ele decide contrariar todas as leis ( natural,espiritual,humana)?
Como ser culpada pela definição de outrem sobre o que é sua situação limite sobre determinada questão - problema?
Não, não há de sentir cupadas(os) estes familiares.Esta guerra interior não os pertencia.Cada qual trava consigo mesmo batalhas intimas onde nossos limites sao testados para medir nossa capacidade de superação.
No meio deste  turbilhão de pensamentos e emoções doloridas,fiquei pensando nestas três pessoas.
Será que elas  deram sinais e nossa insensibilidade nao nos deixou perceber?ou sera  que elas guardaram tão secretamente suas dores,medos e desilsoes para nao se deixarem descobrir?
Em dos casos acima citados,uma coisa em comum,a determinação em matar-se. Um na primeira tentativa teve a bala "pinada"(falhou) e mesmo assim fez o segundo disparo.O outro fez uma superdosagem noenvenamento tirando qualquer possibilidade de socorro. O que será que eles sentiriam se pudessem ver seus corpos mortos e a dor de seus familiares.Será que se arrependeriam?Hesitariam?
Pensei entao,na nossa caminhada humana,junto de nossa familia e entes queridos,e na correria que nos faz esquecer a prática do amor. Estamos sempre tão apressados,com tantas contas para pagar ,tanta coisa para conquistar,que mal nos enxergamos verdadeiramente.
Quantos abraços,quantos eu ti amo,quantos dialogos não deixamos de dividir.É preciso ter tempo pra dizer eu ti amo,eu estou aqui,tudo vai dar certo,confie.....é preciso ter tempo para ouvir com o coração.Para ouvir os que as palavras não conseguem dizer mas que a alma grita.É preciso ter tempo tambem para gritar,desabafar,reclamar.Não devemos represar emoçoes dolorosas em nossa alma.Apesar de toda multidão,toda tecnologia,de tantas possibilidades,o ser humano esta se tornando um solitário.
Temos medo de parecer piegas por isso nao nos damos o direito de amar,de sermos frageis,melosos, de nos revelarmos e nos entregarmos ao convivio fraterno e intenso com os que frequentam nossa vida.
Escrevendo estas palavras enquanto um pensamento me aflige,o medo de perder meus filhos.E,isso me fez lembrar,que um outro tipo de morte há alguns anos atrás me fez ressignificar minha relaçao com uma pessoa com a qual eu vivia em conflito.Ela deixou de ser pra mim alguem com que eu brigava(atacava e defendia) e passou a ser uma mãe que chorava a morte de seu filho.Foi ai que vi a alma dela chorando e entendi que toda agressao era uma forma de gritar a morte de seu filho.Mas me pergunto, e o que nós podemos aprender coma triste sina destas três criaturas? E uma voz suave ressoa em mina mente me perguntando:_ JA PAROU UM MINUTO DO SEU DIA HOJE PARA PRATICAR O AMOR COM OS QUE SAO IMPORTANTES PRA VOCE HOJE,OU AINDA ESTA MUITO OCUPADO(A)?

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